CARTA ABERTA AOS ARTISTAS DA RCC

Por: João Valter Ferreira Filho (Secretaria Davi)

 

Para o coração da floresta

Contam que um lenhador vivia em uma floresta muito grande e cheia de mistérios. Todos os dias ele saía de casa de manhã bem cedinho e cortava uma certa quantidade de lenha que, vendida na aldeia, rendia dinheiro o suficiente para sustentar sua família por um único dia.
Um dia ele encontrou com um velho monge que dedicava sua vida a intensas orações no interior da floresta. O monge olhou em seus olhos e disse: " Se você tiver coragem de adentrar um pouco mais na floresta, irá encontrar tesouros muito preciosos". O lenhador decidiu que iria, qualquer dia, seguir o conselho do monge; mas enquanto esse dia não chegava, continuava cortando sua lenha e vendendo na aldeia como sempre fizera, desde criança. Até que, em uma manhã chuvosa e fria, na qual a lenha estava molhada demais para ser aproveitada, criou coragem e penetrou em uma região onde jamais se atrevera a ir. Qual não foi sua surpresa ao descobrir nada mais, nada menos que uma mina de prata! Retirou como pôde um pouquinho de prata e correu para a aldeia. O resultado foi dinheiro o suficiente para seu sustento folgado por uma semana. A partir desse dia o lenhador só ia à floresta uma vez por semana, retirava prata de sua mina, vendia e passava o resto da semana curtindo sua família.
Mas outro dia ele encontrou o monge uma segunda vez, este olhou novamente em seus olhos e disse apenas "Medroso. Se você tivesse coragem de adentrar um pouco mais nessa floresta, iria encontrar tesouros de inestimável valor". Ele ficou intrigado e pensou que, na próxima semana, quando viesse de novo à floresta recolher a prata, iria tentar andar um pouco mais. Mas na outra semana ele esqueceu, e na outra estava meio apressado para um compromisso, e na outra teve um pouquinho de preguiça, de maneira que somente alguns meses depois, novamente em uma manhã chuvosa e fria, foi um pouco mais profundamente em seu passeio. E sabem o que ele encontrou apenas dez minutos à frente da mina de prata? Isso mesmo, uma mina de ouro. Ele correu, recolheu o quanto pôde e aquilo ali, vendido ao ourives da aldeia, rendeu o suficiente para que ele e sua família vivessem um mês sem fazer mais nada. Que folga, que alegria!
Mas, em uma terceira vez que encontrou o monge, o ex-lenhador ficou simplesmente chocado ao ouvir suas palavras: " Como Deus é paciente com você! Por quê perde seu tempo com migalhas? Se você fosse realmente ousado adentraria com todas as suas forças na floresta. Assim encontraria os mais preciosos tesouros ". Dessa vez nosso amigo não esperou nada, não. Ele correu naquele mesmo instante para a floresta e, a poucos metros de sua mina de ouro, encontrou uma enorme e cintilante mina de diamantes. Os diamantes que conseguiu extrair naquele dia foram vendidos ao joalheiro do rei e lhe renderam uma riqueza tão grande que ele nunca mais precisaria trabalhar ou mesmo ir buscar mais prata, ouro ou diamantes em toda a sua vida.
Foi justamente por isso que seu filho, uma tarde, enquanto passeavam perto de um riacho, perguntou com olhos curiosos: " Pai, se somos tão ricos e hoje em dia nada mais nos falta, por quê desde que encontrou os diamantes o senhor todas as manhãs se levanta e entra na floresta com tanto ardor?" Silêncio. Depois de alguns minutos o pai respondeu: "Meu filho, o que vou lhe dizer agora é mais importante que todas as riquezas que conseguimos adquirir em nossa vida: por três vezes encontrei um mensageiro de Deus que me fez ver que nosso Pai que está nos céus coloca à nossa frente horizontes sempre maiores que aquilo que podemos imaginar. Nunca mais esbarrei com aquele monge, mas meu coração finalmente entendeu que minha história só vai terminar quando eu chegar ao céu, e até lá o Senhor quer que eu mergulhe cada vez mais, vá cada vez mais longe. É por isso que todos os dias acordo e lanço-me à floresta..."

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Todas as vezes que realizo algum trabalho tento lembrar dessa história, principalmente por três aspectos (e peço que rezem um pouco com cada um deles) :

1. A riqueza e a verdade das palavras do monge não teriam feito sentido algum se o lenhador não tivesse tomado a decisão de arriscar.

2. Somente tomar a decisão não adianta muita coisa, durante muito tempo ele ficou adiando a hora de correr os riscos, apenas por estar acomodado e acostumado ao que já tinha.

3. Mesmo sendo cabeça dura durante tanto tempo, a paciência de Deus e a força profética do monge acabaram valendo a pena, pois aquele homem finalmente entendeu o que realmente importa: "prescindindo das coisas do passado, prosseguir decididamente", para usar as palavras de São Paulo em uma de suas cartas.

E o que dizer do XXI Congresso Nacional da Renovação Carismática?

Ainda posso sentir a intensidade das batidas dos corações daqueles que, de alguma maneira, colocaram-se a serviço do Senhor durante aqueles dias...
Lembro da energia e da tranqüilidade de pessoas como Roberto (sec. Davi est/SP), Paulão e tantos outros que trabalharam na equipe técnica ligada aos shows e ao som; da disponibilidade sem limites de Neuza Tannus (Goiânia) e Aureliana (sec. Davi est/Piauí); lembro das mãos geladas dos irmãos do Ministério Alegrai-vos no Senhor (Presid. Prudente) poucos minutos antes de entrarem no grande salão onde conduziriam a oração com as maiores lideranças da RCC do Brasil, e sou capaz de ver ainda a alegria de seus olhos ao cantarem a Missa no Santuário Nacional; penso nos milhares de quilômetros percorridos pela turma do Ministério Vida (Teresina) apenas para servirem através de sua música naquele pavilhão lotado com quase 10.000 pessoas louvando a Deus; recordo os movimentos harmoniosos dos corpos de nossos irmãos do Grupo de Dança Pia Mater (RJ); o sonho e a habilidade contidos na expressão dos atores do Ministério de Artes Renascer (Maringá) ao interpretarem as leituras da Missa de quinta-feira pela manhã... e por falar de Teatro, o que dizer do espetáculo "Vamos minha gente" no qual padre Graciano e seus meninos e meninas de Poços de Caldas encantaram milhares de pessoas? Lembro a incansável dedicação de Vanessa (Osasco) ao preencher suas telas com as imagens maravilhosas que o Senhor pintava em seu coração... isso sem falar nos mais de trinta shows musicais que preencheram nossos intervalos e nossas noites!
Quantas coisas nossos olhos viram e nossos ouvidos escutaram em tão pouco tempo!

De fato é possível perceber que, aos poucos, deixamos de apenas cortar lenha e passamos a recolher alguns gramas de prata no meio desta imensa e maravilhosa floresta que é a Obra de Deus. Mas existe muito ainda pela frente e posso mesmo dizer que, a esta hora, nossos corações já deveriam estar se sentindo ainda mais arrastados para as profundezas do coração do Pai.

Mas isso não quer dizer que não podemos comemorar! Pelo contrário, cada passo é importantíssimo e devemos ter sempre um coração grato pela Obra que Deus faz através de nossas mãos em meio a seu povo.

Quanto a mim, agradeço com carinho a todos os que abraçaram o sonho de colocar a Arte a serviço de Deus em nosso Congresso, em especial a esses citados acima e, ainda, aos Secretários Davi Estaduais que lá estiveram conosco em reunião:

* Juliane - PR
* Roberto - SP
* Eltinho - MG
* Aureliana - PI
* Rogério - PE
* Judson - MA
* Douglas - GO
* Cícero - TO

E mais dezenas de Secretários Davi Diocesanos, Vicariais etc.

Por tudo isso e muito mais, Senhor, nós só podemos te louvar e te bendizer, elevar Teu Santo Nome acima de todos os nossos esforços e agradecer por cada um dos que deram a vida e abriram mão de conforto, família, interesses pessoais, somente por amor a esta Obra que é tua, Jesus, e que só faz sentido se lançada definitivamente rumo ao teu Coração.

A Ti a glória, o poder, a honra, o louvor, pelos séculos e para sempre.
Amém!

João Valter Ferreira Filho
Sec Davi Nacional