SÍNDROME DO ARTISTA
Quando alguém começar a pensar em si próprio
como um artista, então iniciam-se os problemas que não são poucos. Primeiro
devemos lembrar que as coisas deste mundo não são as que os cristãos devem
buscar. Os valores de um cristão são diferentes dos valores deste mundo.
Lembre-se do que Jesus disse: "Se algum de vocês quer ser o primeiro, então
seja o último, seja servo de todos, não seja como os fariseus que buscam os
primeiros lugares". Em Lucas, Jesus disse para "não sentar nos
primeiros lugares, porque alguém mais importante poderia chegar mais tarde e
você terá de ir para o último lugar". O problema é quando você se
sente um artista você busca o primeiro lugar. Vamos aprofundar mais está idéia.
Em Êxodo 4,2 "o Senhor pergunta a Moisés: - 'O que tens na mão?' - 'Um
cajado', responde Moisés: - O Senhor disse então: - 'Joga-o por terra'. Então
o cajado transformou-se em uma serpente e tal foi a surpresa de Moisés que ele
afastou-se. O Senhor disse-lhe: - 'Estende tua mão e toma-a pela cauda'. Ele
estendeu a mão e o cajado voltou ao que era"; assim também é a música.
Pode ser um cajado, com que você abre o mar vermelho ou pode ser uma serpente
que se volta contra você mesmo. Se você não sabe controlar a música, se você
não sabe dominar a arte, ela pode voltar-se contra você como uma serpente.
Mesmo com tudo isso o Senhor utilizou o cajado como serpente para comer duas
serpentes do faraó. Haverá momentos na música em que poderemos utilizar sua
parte perigosa, porém com muito cuidado.
Você deve dominar a arte e não ela a você,
isto é possível através da graça de Deus, de um verdadeiro conhecimento de
seu ministério, e de um grande espírito de serviço. A música não pode
dominar o seu coração, sim o Senhor Jesus. Em outra passagem o Senhor falou a
Moisés: "Coloca a tua mão em teu peito", "então, tira a tua mão
do teu peito", ele ficará curado. De seu coração de músico pode sair
benção ou lepra. A decisão não é de Deus, é sua. O artista pode esquecer
quem lhe outorgou o dom, mas ainda estou falando de tentações humanas. O mundo
em que vivemos é tentador; luzes, aplausos, autógrafos, fama, discos, tudo
isso pode acontecer se estiver no pano de Deus, mas uma coisa é que você as
provoque e outra é Deus permitindo que elas aconteçam.
Martin Valverde testemunha que, trabalhando e
partilhando em muitos festivais pelo mundo como o Hallel no Brasil, Magnificat
na Itália, David na Espanha, Hosana nos Estados Unidos, é interessante
observar que em todos estes festivais reúnem-se todo tipo de músicos: aqueles
mais simples, que tomam conhecimentos de seu horário de apresentação e
aguardam sem nenhum problema; outros que chegam com seus óculos escuros, carros
novos, cabelo grandes, dizendo: "Estou na área". Este é o risco de
querer ser ministro de música, e permanecer nas coisas vagas, sem importância,
passageiras, supérfluas. Vamos caindo em uma armadilha muito velha entre o
importante e aquilo que é somente casca. Humanamente falando, é normal sentir
invejas, medos, vontade de ser conhecido, enfim, é muito normal que utilizemos
máscaras de artista.
Justamente seu serviço na arte para o Senhor,
aos seus olhos é reconhecido à medida que o Senhor demonstre o quanto pode usá-lo.
Deus não atira o dom que lhe outorgou, Deus é doador e não tirano. Se Deus
lhe concedeu ser ministro de música, o dom está dado, você pode seguir
cantando, vai poder seguir buscando a fama, mas, ainda que o dom permaneça, ele
não crescerá, pois não foi dado para isto. Conhecemos pessoas para quem a música
chegou longe mas Deus não. Nesses casos Deus faz uma coisa muito boa para nós,
mostra-nos a humilhação, pois quer o nosso bem. É bem melhor entrar no céu
como simples homem do que entrar no inferno como artista famoso. Não esqueça
disto. Devemos o tempo todo estar ligados a Deus, a cada movimento, a cada
ritmo, a cada palavra inteiramente dirigida a Deus.